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Bolsonaro diz que atentado foi político e que suspeita que o criminoso não agiu sozinho

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) disse que a indicação de que o criminoso Adélio teria agido sozinho no atentado contra ele - dada pelo delegado da Polícia Federal (PF) Rodrigo Morais Fernandes, responsável pelas investigações - seria uma maneira de "abafar o caso". A afirmação de Bolsonaro foi dada durante a primeira entrevista em vídeo, veiculada pela internet nesta segunda-feira, 24, pela Rádio Joven Pan. Bolsonaro ainda sinalizou que a Polícia Civil de Minas Gerais estaria mais "adiantada" nas investigações do que a Polícia Federal. Mas, ressaltou não culpar a PF pelo ocorrido, já que sabia do risco que corria.

Bolsonaro suspeita que a facada tenha sido fruto de um atentado político, planejado, e que Adélio não teria agido sozinho, até por causa da possibilidade de ser linchado. "Ele não é tão inteligente assim", opinou ao pedir apuração.

"Eu sou vítima daquilo que combato" falou ao ser questionado sobre seu discurso e confirmou ações que pretende tomar se for eleito, como endurecer a pena para crimes de tentativa de homicídio e acabar com a progressão de pena para os presidiários. "Eu prefiro a cadeia cheia de vagabundo do que cemitério cheio de inocente", colocou ao destacar que "o ser humano só respeita o que teme", portanto, na avaliação dele, o sistema brasileiro, em que a punição seria quase inexistente serviria como um estímulo para ser criminoso no país.

Bolsonaro descreveu a facada que recebeu no dia 6 de setembro, durante ato de campanha em Minas Gerais, como uma dor que parecia ser fruto de um soco no estômago ou uma pedrada. "Eu olhava o corte, mas não sangrava", contou e sugeriu que o fato de Adélio ter "girado" a faca mostraria sua clara intenção de matá-lo. Bolsonaro destacou que os médicos explicaram que por alguns milímetros não foram atingidas veias que causariam sua morte. Ainda contou que foram drenados dois litros de sangue durante a operação e que levou 35 pontos. Mesmo com o quadro grave, Bolsonaro garantiu não ter sentido dor durante o procedimento, no qual, acordou duas vezes e mais uma quando estava sendo transferido para o Albert Einstein, onde deve continuar até o final do mês, segundo previsão de alta que repetiu durante a entrevista.

Ainda assim, o deputado não participará de atos de campanha pois qualquer "esbarrão" na rua poderia "botar tudo a perder". Portanto, adiantou que continuará a fazer "lives" (transmissões ao vivo pela internet) durante o horário eleitoral gratuito.

Sobre propostas, falou mais uma vez que é contrário a indicações políticas em instituições públicas e deu indicações de dois nomes que poderão formar seu governo: Marcos Pontes como ministro ou como integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia e o atual deputado federal Onix Lorenzoni para chefiar a Casa Civil.

Durante a entrevista, Bolsonaro estava acompanhado de seu filho, o deputado federal Flávio Bolsonaro, e ambos se emocionaram ao lembrar do crime e consideram "um milagre" o fato do candidato à presidência estar vivo. Avisado por um jornalista sobre o atentado, Flávio falou que em nenhum momento pensou que o pai fosse morrer porém, se emocionou muito: "comecei a chorar muito, sem saber o que tinha acontecido". Ao se encontrar com o pai recém-operado, ressaltou o que Jair Bolsonaro sussurrou, segundo ele, ainda "grogue": "se deram mal, tô [sic] vivo".

Investigações

O diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, não se pronunciou sobre notícia divulgada pelo site O Antagonista nesta segunda, de que o responsável pelas investigações do atentado a Jair Bolsonaro, o delegado Rodrigo Morais Fernandes, teria chefiado por dois anos a Assessoria de Integração das Inteligências da Secretaria de Defesa Social (Segurança Pública) do governo de Fernando Pimentel, em Minas Gerais. De acordo com a informação do texto, assinado por Claudio Dantas, o delegado virou alvo da imprensa há dois anos ao ser enviado por Pimentel para assistir ao Super Bowl, na Califórnia (EUA). Na ocasião, o governo alegou que Fernandes coordenava em Minas Gerais a comissão das Olimpíadas Rio-2016.

Segundo a comunicação social da diretoria-geral da PF, Galloro deve ser pronunciar sobre as investigações quanto ao atentado assim que for entregue o relatório da Polícia Federal.

Por e-mail, a assessoria da PF registrou que as Superintendências Regionais e Delegacias de Polícia Federal possuem autonomia para a distribuição dos casos, que buscam o equilíbrio de esforços entre os delegados e que o diretor-geral não interfere nesse processo.

Quanto à suspeição para as investigações, esclareceu que o Código de Processo Penal prevê que as autoridades policiais deverão declarar-se suspeitas quando ocorrer motivo legal, como quando for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; ou se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; ainda se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; também se tiver aconselhado qualquer das partes; se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes e, finalmente, se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. No caso de declaração de impedimento ou suspeição o inquérito é redistribuído.